JOGO DO CORAÇÃO

A melhor atividade está contida no peito.
Bate forte como as muitas ondas, debatem as rochas.
Pula por cima dos desejos, corre devagar no amor.
Joga para valer com a vida.
Não perde nenhuma, só cansa quando é maltrado.
Agora, onde descobrirei uma nova emoção?
Todas as peças do esporte se esgotou.
As veias da infinita comoção, atraiu as poucas seguranças da paz.
E não vá dizer que é coisa do destino.
Tudo na vida é um jogo, onde se cruza as sortes.
Lançam-se os sonhos na pista das alternativas.
O coração faz um exercício bem comodista. (Jeremias Silva)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Análise do Poema Mar Portuguez, de Fernando Pessoa

MAR PORTUGUEZ - Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lagrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nossos, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.

O poema transcrito acima, Mar Portuguez, faz parte da obra Mensagem, do poeta português Fernando Pessoa. Nele, o poeta focaliza o esforço empreendido pelos portugueses nas grandes navegações.
Vamos começar a análise pelo título Mar Portuguez. O título do poema enfatiza a vocação marítima de Portugal, porque o uso do adjetivo “portuguez” sublinha a ação imperialista do Estado português, que se sente dono, possuidor do mar.
Agora observamos o uso da primeira pessoal do plural no terceiro verso da primeira estrofe ” Por te cruzarmos”. Este uso produz um efeito de sentido de inclusão. A primeira pessoa do plural (“cruzarmos”) é usada porque o eu lírico se inclui entre o povo português, que pagou um alto preço para que o mar fosse conquistado. Este alto preço causou sofrimentos vividos pelos portugueses para que o mar fosse conquistado, ou seja, para que o mar fosse conquistado pelos navegadores portugueses, mães choraram pela partida/morte dos filhos, filhos rezaram pela partida/morte dos pais e noivas ficaram sem casar pela partida/morte de seus namorados e noivos.
Vamos entender o efeito de sentido nos dois versos seguintes “Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,/Mas nelle é que espelhou o céu.”. Estes versos fazem o elogio do mar, espaço de grandes perigos e, também, de grande beleza (espelho do céu). É possível, ainda, extrair o fragmento a ideia de que a conquista do mar corresponde, de certo modo, à conquista do céu.
Para fecharmos, vamos identificar algumas palavras usadas no poema que, por sua grafia, revelam que a aventura náutica portuguesa refere-se a um passado longínquo. São elas: portuguez, lagrimas, resaram, abysmo, nelle que estão em desacordo com o sistema atual ortográfico.


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