JOGO DO CORAÇÃO

A melhor atividade está contida no peito.
Bate forte como as muitas ondas, debatem as rochas.
Pula por cima dos desejos, corre devagar no amor.
Joga para valer com a vida.
Não perde nenhuma, só cansa quando é maltrado.
Agora, onde descobrirei uma nova emoção?
Todas as peças do esporte se esgotou.
As veias da infinita comoção, atraiu as poucas seguranças da paz.
E não vá dizer que é coisa do destino.
Tudo na vida é um jogo, onde se cruza as sortes.
Lançam-se os sonhos na pista das alternativas.
O coração faz um exercício bem comodista. (Jeremias Silva)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013


Análise do Poema Madrigal Melancólico, de Manuel Bandeira  


O que eu adoro em ti
Não é a tua belezahttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png
belezahttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png é em nós que existe
belezahttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é A VIDA!

http://www.encantosepaixoes.com.br/0200madrigalmn.gif 

Este foi poema foi lançado no livro intitulado “O ritmo dissoluto”. Nele, é possível notar o uso do verso livre, certa liberdade no tratamento de temas tradicionalmente poéticos, que fazem parte da estética de Bandeira, como você observará agora pelo estudo deste poema “Madrigal melancólico”.
No poema, “Madrigal melancólico” existem elementos que se inserem numa tradição poética e que rompem claramente com certos aspectos da tradição poética. Em relação aos elementos voltados para a tradição poética podemos notar a repetição da estrutura dos dois primeiros versos de cada estrofe “O que eu adoro em ti/Não é a...”; outra elemento da tradição poética é a opção pelo madrigal para a composição poética. Esta composição exprime um pensamento fino, galante, e que, em geral, se destina a ser musicada; surgiu na Itália do século XIV e teve sua época de maior difusão no século XVI; fala marcada pela galanteria afetada, cumprimento lisonjeiro, galanteio. Além disso, está intimamente ligada ao tema lírico-amoroso e tom melancólico que permeia alguns versos. Agora, o que rompe literalmente com a tradição poética são os versos livres  - sem métrica fixa e o número irregular de versos nas estrofes.
No poema, o eu-lírico criou um esquema argumentativo para exaltar a pessoa a quem se refere. Esse esquema se evidencia por cinco estrofes, sendo que o eu lírico descarta uma série de características positivas presentes na interlocutora para ressaltar o que nela é ainda mais importante para ele: a vida. Ao descartar tais características, no entanto, ele as enumera e expõe, permitindo que esses aspectos positivos sejam observados. De certa forma a vida, aquilo que o eu lírico adora na interlocutora, é a síntese de tudo o que foi descartado (e destacado) por ele.
Em cada estrofe, o eu lírico destaca um assunto; 1ª estrofe: a beleza; 2ª estrofe: a inteligência; 3ª estrofe: o que ela o faz recordar e a 5ª estrofe: o instinto maternal. Isto ressalta atributos da interlocutora.
Vamos partir para uma análise mais profunda. Nos versos a seguir “E a beleza é triste/Não é triste em si /Mas pelo que há nela /De fragilidade e incerteza” notamos que eles exprimem a ideia de transitoriedade das coisas. Por boas que sejam (como a beleza), são frágeis, terminam; além disso, são incertas, porque dependem da forma como se olha, de um padrão estabelecido em certo momento e local. Já no verso “Ave solta no céu matinal da montanha” trata-se de uma metáfora do espírito ágil e luminoso da pessoa a quem ele se refere. Ave solta destaca a agilidade e a liberdade de pensamento; o céu matinal destaca a luminosidade. Nos versos seguintes, “O que adoro em ti lastima-me e consola-me:/O que eu adoro em ti é A VIDA!” o eu lírico fica lastimado e consolado com a vida, por que a lastima talvez por aquilo que a vida tem de frágil; e a consola por ser expressão de tudo aquilo que ele admira e em que acredita.

Para finalizarmos, o título do poema se chama “Madrigal melancólico”. Agora o que há no texto de madrigal e de melancólico? O texto é um madrigal, não apenas pela forma poética (terna ou galante), mas também por consistir num verdadeiro elogio à pessoa à qual se dirige. Já o melancólico, porque aquilo que o eu lírico mais adora na pessoa – a vida – ao mesmo tempo que o consola, ele lamenta, pois é ambíguo, forte e frágil.

3 comentários:

  1. Muito Obrigado pela analise, me ajudou muito ^^

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  2. A análise ajuda muito a entender e se apaixonar mais pelas palavras de Manuel Bandeira

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