JOGO DO CORAÇÃO

A melhor atividade está contida no peito.
Bate forte como as muitas ondas, debatem as rochas.
Pula por cima dos desejos, corre devagar no amor.
Joga para valer com a vida.
Não perde nenhuma, só cansa quando é maltrado.
Agora, onde descobrirei uma nova emoção?
Todas as peças do esporte se esgotou.
As veias da infinita comoção, atraiu as poucas seguranças da paz.
E não vá dizer que é coisa do destino.
Tudo na vida é um jogo, onde se cruza as sortes.
Lançam-se os sonhos na pista das alternativas.
O coração faz um exercício bem comodista. (Jeremias Silva)

sábado, 25 de junho de 2016

ANÁLISE DO POEMA "DOIS E DOIS: QUATRO", FERREIRA GULLAR



ANÁLISE DO POEMA “DOIS E DOIS: QUATRO”, FERREIRA GULLAR

Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade, pequena
Como teus olhos são claros
E a tua pele, morena
Como é azul o oceano
E a lagoa, serena
Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
- sei que dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Mesmo que o pão seja caro
E a liberdade, pequena.
                                                                           (FERREIRA GULLAR)

Esta letra e esta poesia descreve uma ação permanente do ser humano de buscar o significado na vida. O poeta quer de alguma forma ter certeza de que “a vida vale a pena”. Sendo assim, o poeta busca numa certeza matemática (“dois e dois são quatro”) para exemplificar de que a vida como no campo da matemática vale a pena. Mas, fazendo uma análise ampla, a vida vale a pena?
No dia a dia, temos tantos afazeres, tantas desilusões, tantas inseguranças, tantos medos e, acima de tudo, nunca sabemos exatamente qual é o verdadeiro significado da vida. Quando nos debruçamos em buscar o sentido das coisas, do universo e da vida, geralmente vamos para o campo da fé, da filosofia e da descoberta. Ainda que de alguma forma criamos um conceito do que é a vida, no entanto, continuamos com a incerteza do que o futuro nos reserva.
O poeta (eu-lírico, eu-poético) tem uma visão otimista da vida “sei que a vida vale a pena/embora o pão seja caro”. Como se vê, apesar de toda a insegurança e sem saber ao certo o que é a vida, o poeta descreve os dilemas da vida “pão caro”. Podemos fazer diversas interpretações do pão caro: a dificuldade de manter financeiramente, o mundo valoriza mais o dinheiro do que outras coisas essenciais e/ou apenas podemos fazer uma interpretação mais superficial, ou seja, o ato de comprar um pão do café da manhã se tornou caro.
O poeta explora duas questões sérias diante das dificuldades como se vê nos versos seguintes “a liberdade, pequena” e “terror me acena”. Por mais que digamos que somos felizes, que temos confiança no dia de amanhã, que tudo é face e logo as coisas voltam aos trilhos, somos imediatamente afogados pelo terror que nos acena, o medo de morremos. Aliás, o verso “terror me acena” descreve o sentimento de pequenez que temos diante das coisas, da vida e do universo. Como vemos, diariamente, às vezes, não somos capazes de administrar as pequenas coisas que vem a nossa mão (como estudar, ter um relacionamento rentável, criar os filhos e outros desafios mais), por vezes, a vida vai nos levar por caminhos antes desconhecido, pois como diz o poeta “a liberdade, pequena”.
Este poema é belo, é intrigante, é complexo, é filosófico, é poético. A vida é uma arte, um cinema, um livro, um filme, uma série. Mas, como diz o poeta “a vida vale a pena”. Mesmo que nós digamos que “não”, a natureza segue o seu curso “a lagoa, serena” e o “azul o oceano”. Somos nós os seres humanos que devemos buscar significado para a vida, pois a natureza sabe os mistérios que a regem e nós somos apenas um pontinho no meio de um universo bem maior de complexidades. Mas, apesar da nossa liberdade ser pequena, temos certeza a vida vale a pena.

27 comentários:

  1. sei de cor esta poesia, e sempre exercito decifrando-a. e magnifica.

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  2. aí vemos a análise de alguém falando sobre algo q não sabe. Tentando buscar significados ocultos e filosóficos, interpretações para algo q na verdade é bem simples. Sabendo do q o poema se trata, pode-se interpretar facilmente ao lê-lo. O poema foi feito durante a ditadura militar no Brasil, a falta de liberdade, o terror nada mais são do q os brasileiros sentiram durante aquele período. O próprio autor já disse q esse poema foi feito cm o único intuito de trazer um pouco de conforto para aqueles q se sentiam presos e sem ânimo. Pq não muda o nome para "arte da filosofia"?

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    1. Concordo, não acho que esse poema devia estar sendo relacionado com o mundo atual, mas sim com a época da ditadura em que o mesmo foi feito. Muito sem nexo...

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    2. Na verdade verdadeira... O poema pode ser o que for. Um poema é como uma música, que pode ser triste pra mim e feliz pra você pois te lembra um bom momento. Pra pessoa que analisou aqui, tem esse significado. Para mim, tem outro.

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    1. Se refere à quem está lendo, ou seja, nós somos os interlocutores

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  4. Perfeita resolução, comecei a atribuir em sala do ensino médio e estou nessa matéria! A gente viaja no conteúdo proposto, amei ler esse contexto.

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  5. Quem é o interlecultor que interage com o eu-lìrico?

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Esse poema, do célebre escritor e poeta (Ferreira Gullar) é extraordinário. Gostei da análise, pois dialoga com a proposição feita pelo eu-lírico. Utilizo sempre com meus alunos.
    Parabéns!

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  8. Excelente análise! Esse poema pode sim tanto falar da época da ditadura ( como alguns já disseram) como do momento atual. A poesia é atemporal e essa, como você bem disse, trata das angústias do homem moderno.

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  9. Este poema foi escrito na época da ditadura, com o intuito de trazer esperança aos que viviam na época, sem perspectiva de que as coisas iriam melhorar. O pão caro se refere à carestia da época e o terror se refere às perseguições políticas que levavam os adversários do regime à tortura e à morte. O que intriga neste poema é que, diante do que está acontecendo hoje no país, ele nunca foi tão atual. Belo e contemporâneo!

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  10. Que comparaçao o narrador faz em relaçao a pessoa amada?

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  11. Poema que faz nós refletirmos bastante,teve sentido na época da ditadura e também faz sentido nos tempos atuais,é só saber analisar.
    Amei esse poema!!

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  12. Gostei da Análise do poema, por isso copiei algumas citações que levam a discussão em sala de aula, justamente pelo momento que vivemos. Parabéns.

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  13. Pela leitura do texto, podemos dizer que?

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