JOGO DO CORAÇÃO

A melhor atividade está contida no peito.
Bate forte como as muitas ondas, debatem as rochas.
Pula por cima dos desejos, corre devagar no amor.
Joga para valer com a vida.
Não perde nenhuma, só cansa quando é maltrado.
Agora, onde descobrirei uma nova emoção?
Todas as peças do esporte se esgotou.
As veias da infinita comoção, atraiu as poucas seguranças da paz.
E não vá dizer que é coisa do destino.
Tudo na vida é um jogo, onde se cruza as sortes.
Lançam-se os sonhos na pista das alternativas.
O coração faz um exercício bem comodista. (Jeremias Silva)

terça-feira, 30 de abril de 2013


Análise do Poema Hão de chorar por ela os cinamomos, de Alphonsus de Guimaraens


Hão de chorar por ela os cinamomos, (A)
Murchando as flores ao tombar do dia. (B)
Dos laranjais hão de cair os pomos, (A)
Lembrando-se daquela que os colhia. (B)

As estrelas dirão — "Ai! nada somos, (A)
Pois ela se morreu silente e fria.. . " (B)
E pondo os olhos nela como pomos, (A)
Hão de chorar a irmã que lhes sorria. (B)

A lua, que lhe foi mãe carinhosa, (C)
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la (D)
Entre lírios e pétalas de rosa.        (C)

Os meus sonhos de amor serão defuntos... (E)
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, (D)
Pensando em mim: — "Por que não vieram juntos?" (E)


Vocabulário

Cinamomo – tipo de árvore que se extrai substâncias aromatizantes e medicinais, como a canela.
Silente - Silenciosa.


Este soneto, como tantos outros na obra de Alphonsus de Guimaraens, foi inspirado por Constança (filha do escritor romântico Bernardo Guimarães), sua prima e noiva, precocemente falecida.
O texto é um soneto clássico, pois se divide em quatro estrofes (dois quartetos e dois tercetos) com versos decassílabos e rimas alternativas (ABAB – ABAB – CDC – EDE).
O soneto tematiza a dor sentida pelo eu lírico diante da morte da mulher amada, como percebe por meio de vários elementos, entre os quais ressaltamos duas falas. A primeira fala é atribuída às estrelas e a segunda, aos arcanjos. Ambos podem ser considerados elementos simbolistas por sugerirem o universo religioso, metafísico, comumente explorado por este estilo literário. Sendo que a fala dos arcanjos acentua com maior precisão o tom romântico presente no poema, pois ela se refere à possibilidade de união dos amantes mesmo após a morte, enfatizando o caráter imortal do sentimento amoroso, característico do Romantismo. Observe que a figura de linguagem utilizada na construção das falas é a prosopopeia ou personificação. Vamos ver isso detalhadamente, exemplificando os momentos em que aparece nas três primeiras estrofes.
Na primeira estrofe, os versos “Hão de chorar por ela os cinamomos, / (...) / Dos laranjais hão de cair os pomos, / Lembrando-se daquela que os colhia”. Na segunda estrofe, os versos “E pondo os olhos nela como pomos, (as estrelas) / Hão de chorar a irmã que lhes sorria. E, por último, na terceira estrofe, os versos “A lua, que lhe foi mãe carinhosa, / Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la / Entre lírios e pétalas de rosa.” Em todos estes versos, o sofrimento provocado pela morte se projeta na natureza, se universaliza: não só o poeta chora; a natureza o acompanha (choram os cinamomos, os laranjais, as estrelas, a lua).
Nas três estrofes iniciais do soneto, a expressão “Há de” se repete dando um tom de musicalidade em referência a lua.
Vamos analisar a função da figura de linguagem e a repetição da expressão “Há de”. Ambos recursos contribuem para a expressão da intensidade do sentimento do eu lírico, ou seja, a expressão “há de” e também a prosopopeia indicam o desejo do eu lírico de que a natureza, as estrelas e a lua compartilhem a sua dor pela ausência da amada, intensificando-a e dando-lhe uma dimensão cósmica.
        Para fecharmos a análise, deste lindo soneto, outro aspecto interessante é o sentimento da autocompaixão, tão característico nos poemas de Alphonsus: o poeta sofre mais em sua caminhada no mundo material do que Constança, agora envolta em lírios e pétalas de rosa.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Análise do poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos



Vês?! Ninguém assistiu ao formidável (A)
Enterro de tua última quimera.(B)
Somente a Ingratidão - esta pantera –(B)
Foi tua companheira inseparável! (A)

Acostuma-te à lama que te espera! (B)
O Homem, que, nesta terra miserável, (A)
Mora, entre feras, sente inevitável (A)
Necessidade de também ser fera.(B)


Toma um fósforo. Acende teu cigarro! (C)
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, (C)
A mão que afaga é a mesma que apedreja.(D)


Se a alguém causa inda pena a tua chaga, (E)
Apedreja essa mão vil que te afaga,(E)
Escarra nessa boca que te beija!(D)



Este poema de Augusto de Anjos foi considerado um dos cem melhores brasileiros do século XX.
Do ponto de vista formal, o texto se caracteriza como soneto clássico. Para chegarmos a esta afirmação, basta observar o esquema métrico - os versos são decassílabos – e o esquema rítmico – as rimas são regulares (ABBA; BAAB; CCD; EED). Lembre-se o soneto apresenta sempre a estrutura fixa 2 (dois) quartetos e 2 (tercetos).
Na primeira estrofe, o eu-lírico relaciona a vida social do homem à vida dos animais selvagens, por meio de imagens (lama, terra miserável e fera) que lembram o estilo naturalista, em seu determinismo cientificista e em seu materialismo. Isto sinaliza que o poeta combina elementos tradicionais, próprios de estilos desenvolvidos até o século XX, com elementos que anunciam o Modernismo, iniciado no século XX. Trata-se, portanto, de um autor de transição. Vamos analisar como se dá esta transição.
Os versos que iniciam a segunda e a terceira estrofes apresentam um tom de conselho ou ordem, que é reiterado no desfecho do poema. Este conselho é introduzido pelas as formais verbais “acostuma-te” e “toma”. Na segunda estrofe, o eu-lírico supõe que o leitor se acostumou a “lama te espera!”, isto mostra uma associação entre o naturalismo e o determinismo, questões da ciência muito presente na literatura no final do século XIX. Repare que o conselho ou ordem da terceira estrofe introduz no poema, de forma inesperada, um tom prosaico, de conversa cotidiana. O verso surpreende o leitor de forma irônica e provocativa, fazendo lembrar o Realismo psicológico de Machado de Assis. Por meio da surpresa, da ironia e da provocação, o eu-lírico procura quebrar a expectativa do leitor, como se o aconselhasse a se preparar para ler a afirmação cruel sobre o ser humano que vem a seguir. Para isso, o eu-lírico utilizou o modo verbal imperativo.
Outro recurso fundamental para fazer o poema cair na graça do público em geral é o vocabulário. O vocabulário escandaliza o leitor acostumado com a poesia parnasiana, incluindo expressões que, do seu ponto de vista, pode ser consideradas “não poéticas”. Observe estes versos, “(...) véspera do escarro,”/”Apedreja essa mão vil (...)”/”Escarra nessa boca (...)” – estas expressões não poderiam ser consideradas poéticas no contexto do Parnasianismo, pois esse estilo literário se caracteriza pelo uso de um vocabulário erudito, com palavras elegantes e amenas.
No poema, o homem, a vida social, a amizade, a solidariedade, afeto (beijo, mão que afaga) transformam-se em ingratidão, terra miserável, fera, desafeto (escarro, mão que apedreja). Duas ações que causam transtorno no leitor são apedreja a mão amiga e cuspa na boca que te beija, ou seja, o eu-lírico recomenda apedrejar a mão vil de quem se recebeu um afago, escarrar na boca de quem se recebeu um beijo.
Na estrofe final, numa leitura mais profunda, podemos pensar que o eu-lírico estar nos advertindo, precavendo-nos contra aquilo que parece nos ordenar e aconselhar a fazer. O recurso estilístico utilizado foi a ironia, que permite essa interpretação justamente porque consiste em afirmar o contrário do que se pensa.
O conteúdo do poema tem tudo a ver com o título “Versos Íntimos”. Assim como todo o poema apresenta um tom irônico, o título também o é, por sugerir um texto subjetivo, romântico, sentimental, o que a leitura efetiva do poema desmente, ao mostrar que se trata de um texto agressivo, desolador, que se aproxima do grotesco.
Este poema faz parte da obra Eu, único livro publicado pelo poeta Augusto dos Anjos. Sendo que esta obra é uma das mais lidas e relidas de nossa literatura.

domingo, 21 de abril de 2013


A despedida

Quando um relacionamento termina o coração sente a despedida. Tudo parece perder o sentido. Será que foi um descuido? Será que não era para ter um futuro brilhante? É você se foi. Eu me lembro quando eu escrevia e você sabia o que se passava em meu intimo. Você me conhecia muito mais do que eu.
O inicio foi como qualquer outro romance. Um sorriso, uma nostalgia, uma felicidade celestial. Um sonho realizado. No meu coração, eu guardo os tempos especiais que você me fez chorar. Lembre-se daquela vez que eu estava com você ao meu lado e eu sorri e chorei a canção de amor, de alegria. Você deve se recordar como os outros o viam e dizia que você era feito para mim. Só que agora a solidão persiste em trazer a sua presença. Eu gostava de suas cores modernas. Eu adorava as suas letras mágicas. Eu admirava o seu silêncio instantâneo. Quanta saudade está no meu consciente. Você é único. Através de você, eu conheci os mundos. Ah... amor, porque você se foi?
Eu estou sozinho. Perdido nas minhas culpas infernais. Você não teve culpa no fim do nosso amor eterno. Um vento forte soprou e fez despedaçar os vidros da nossa emoção. Você me alertava sobre o meu orgulho, a minha ignorância em demasia, mas eu não queria ouvir a relutância. Você se sentia triste quando eu fingia que não te ouvia. Lembro-me quando, certa vez, eu estava sorrindo a alegria do presente mundano e você chegou e me mostrou as certezas de uma verdadeira amizade. Com o seu brilho, você deixava os meus olhos cativantes.
O quão bom e quão maravilhoso é ter uma amizade e um amor verdadeiro como este.
Você ficou eternamente no coração. No futuro, eu vou me lembrar de você e recordar dos momentos felizes e tristes. Experiências extremas. O mundo deixou de existir sem você. A fé me fará lutar para um novo dia.
Meu querido, computador. Eu quero muito estar com você. Você está enterrado na minha alma. Eu estou velando a sua magia no meu espírito. Eu te agradeço pelos muitos momentos que você me concedeu. Obrigado, meu bem. Descanse em paz.
Ressalva na sua lápide: Meu bem, eu te matei porque eu fui um otário. Eu já estava de namoro com o tablet. Desculpe-me. Abraços. Vá em paz.