JOGO DO CORAÇÃO

A melhor atividade está contida no peito.
Bate forte como as muitas ondas, debatem as rochas.
Pula por cima dos desejos, corre devagar no amor.
Joga para valer com a vida.
Não perde nenhuma, só cansa quando é maltrado.
Agora, onde descobrirei uma nova emoção?
Todas as peças do esporte se esgotou.
As veias da infinita comoção, atraiu as poucas seguranças da paz.
E não vá dizer que é coisa do destino.
Tudo na vida é um jogo, onde se cruza as sortes.
Lançam-se os sonhos na pista das alternativas.
O coração faz um exercício bem comodista. (Jeremias Silva)

sábado, 15 de outubro de 2011

Telemóvel: a inutilidade pública


Um retrocesso. Uma variedade. Uma coisa essencial para as culpas do mundo contemporâneo. Ande por minutinho pela rua e veja a utilidade de um objeto desprezível. Até parece que o zumbi audível ganhou vida e presença própria.
Quando se busca a inutilidade pública basta ligá-lo. De acordo a ciência, uma série invariável de neutros e átomos ganham forma no ar quando se liga este objeto descartável. Veja bem, eu dou vida a outro objeto que destrói a minha capacidade de pensar e de ser. Muitos vão dizer que estou sendo cético. Eu digo o contrário eu defendo a minha dignidade. Nada no mundo existe, somente eu que ponho sentido nas coisas.
Não se precisa mais visitar alguém. Não se precisa mais conhecer alguém. Não se precisa mais sentir novas emoções com alguém. A minha vida se tornou um retrocesso. Sou estéril vinil. Um gravador monótono. Um disco arranhado. Sem este objeto, não sou alguém.
Quero esconder este objeto. Quero viver sem ele. Quero ser mais atuante. Quero conquistar sem ele. Afinal, eu já existia sem ele. Sou um ser real, e ele apenas faz parte de minha alucinação.
Muitos morrem por ele. Eu não. Como se a morte resolvesse a culpa das inseguranças do mundo contemporâneo. Não sou zumbi audível. Tenho vida própria. Tenho utilidade pública. Vou desligá-lo e viver. Os amantes deste objeto vão me odiar, mas quero me desfazer das vontades sem juízo e correr atrás de novas emoções.
Tantos botões. Tantos sons. Tantas cores. Antipático. Antisegurança. Cínico. Um problema a ser incalculável. Se eu pudesse juntava todos e aniquilava. Sou melhor sem ele... E por questão de dignidade e de valor próprio não vou revelar o nome deste objeto em meu texto. Se quiserem saber olhem o título...